Antes de mais, peço desculpa pelo atraso, pois este post está a ser feito na madrugada de domingo para segunda-feira, quando deveria ter sido feito durante o dia de Domingo.
Está a decorrer neste momento a contagem dos votos em Angola, sendo que o partido que se encontra no poder, MPLA, regista um resultado acima dos 80%, contudo as eleições não se resumem apenas aos números, sendo importante realçar vários aspectos:
-Antes do acto eleitoral em si, vem a campanha eleitoral, onde é de realçar o ambiente de paz que acompanhou e precedeu o acto eleitoral, permitindo a expressão livre de ideias, tentando dignificar a imagem da jovem democracia angolana, com uma atitude notável de civismo por parte dos protagonistas
- No entanto, expressão livre de ideias não é sinónimo de debate, elemento fundamental numa Democracia, desta feita, algumas personalidades, nomeadamente Marcelo Rebelo de Sousa apontaram a falta de debate e confronto directo de ideias como um aspecto bastante negativo destas eleições. Outro aspecto bastante negativo foi a usurpação do direito de antena pelo partido do poder, o MPLA, que beneficiou da existência de meios de comunicação extremamente dependentes do Estado para passar a sua mensagem em detrimento da mensagem da oposição, que não teve assim as mesmas oportunidades.
-Quanto ao acto eleitoral em si, é de realçar a inexistência do recurso à força com o intuito de influenciar as intenções de voto, ao contrário do sucedido em plena Europa na Ucrânia, o que é bastante positivo, tendo em conta a “juventude” da democracia angolana” e a infeliz tradição de farsas eleitorais no continente africano.
-Contudo, não se pode desvalorizar vários incidentes ocorridos durante o acto eleitoral, nomeadamente anomalias com os cadernos eleitorais, urnas que andaram a “passear” chegando atrasadas, o incumprimento do calendário proposto, o facto de os eleitores disporem de total liberdade para escolher os distritos de voto. Tais incidentes foram de tal forma graves em Luanda, capital de Angola, onde se encontram, tanto quanto sei, 2 dos 8 milhões de eleitores angolanos. De facto, as 9 da manhã a chefe da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia, declarou que as eleições estavam a ser um prefeito desastre. Todos estes incidentes levam a que a UNITA, o principal partido da oposição e, até ver, grande derrotado nestas eleições, peça a impugnação das eleições em Luanda. Todavia, algumas entidades fiscalizadoras vêm desvalorizar a situação e tentar acalmar o alarmismo que de certa forma se levanta sempre que se falam em manipulação de eleições, especialmente no continente africano, sendo de registar as seguintes declarações de Leonardo Simão, chefe da missão da CPLP, "As eleições foram livres, justas e transparentes, pese embora a existência de anomalias de origem técnica sem influência no resultado "; missão da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) declarou as eleições "livres e credíveis" . Espera-se agora com grande expectativa pelo comunicado final da Missão de Observação Eleitoral da UE que no entanto, já veio dar o "dito pelo não dito" afirmando que quando se falou em desastre, tal expressão dizia apenas respeito aos locais visitados e não a todo o sistema eleitoral.
~André
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http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1010241
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