quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Caro Sebastião V

Caro Sebastião...

Parece-me que seja finalmente desta vez, que desista de tudo isto...
Não posso esperar mais, seja o que seja!
Entrego a minha desgraça ao destino...
Os meus olhos ardem-me e não me reconheço ao espelho...
Tenciono partir de novo...
Porem desta vez será bem diferente!
Porque parto sem partir pois ficarei...
Ficarei de certa forma sempre aqui perto do que sobra de Raquel á desconhecida!
Não sei o que me espera, do que fujo ou ainda do que quero encontrar, mas é o medo que me instrui estes caracteres que te mando...

Sim tenho medo...

Os teus contactos de Shaftesbury Aveneue animaram-me o coração e minaram-no de uma esperança que desvanece e que me tortura o corpo cada dia que passa...
Não te posso dizer que a tua iniciativa me tenha feito mal, porem bem não me fez!
Sei que Sir Robert Peel è muito atencioso e profissional, mas ando de tal modo mal que não tenciono saber, pois continuo com os pensamentos asfixiados por acontecimentos que não dão nem dariam dia...
De qualquer modo não tenho razões para adiar mais uma vez a minha desgraça ou tenho?
Para alem disso, esta ressaca da qual ainda desconheço o nome não me alimenta mais... nem o corpo nem a minha pobre alma despedaçada...
Tenho as ideias cansadas o corpo deformado e os valores destruídos!
Chego pouco a pouco a conclusão que prefiro encher-me de vícios em vez de deixar a minha felicidade depender de um ser pensante...
Estou num coma, sim num coma de paixão!
Sei que me pensas louco...mas acredita ando num estado segundaria onde não consigo dormir nem consigo ficar acordado!
Por um lado os meus sonhos perturbam-me por outro a realidade apavora-me
nem sei quantos dias passaram, mas vejo que a dona Lurdes envelhece, quanto a mim? Ando cada vez mais branco.
Também não tenho certezas.
Sinto que não é ficando aqui pregado á minha angustia que vou conseguir resolver este meu mal...
O que dariam por um invalido como eu?
Sebastião, o meu único consolo nisto é mesmo as doces novidades que me tens mandado...
Fico tão contente por ti, essa tua prespicacia lembra-me os tempos em que éramos, "as crianças repugnhantes e insuportaveis que o mundo tinha criado..." como dizia o padre António...

Desculpa-me a minha continua melancolia, mas é mesmo a única coisa que ainda me ajuda a escrever-te...
Pelo menos enquanto a razão não voltar...não te irei visitar...
Até la melhora a tua biblioteca!
Sabes o quanto gosto de ler perto de uma grande janela...
Não contes nada a Maria...

Um grande abraço e uma nota de dólar rasgada no meio...


Leonardo constantinoviche (sem data)

1 comentário:

Ana Rita disse...

A tua cabeça está de tal modo cheia de ideias, pensamentos e vontade de criar que acabas por escrever coisas atrás de coisas com um nexo difícil de perceber e acompanhar.
Falta-te um pouco de organização no teu mundo que eu sei que é cheio de vida. No entanto é engraçado que assim seja, é isso que te distingue dos outros. ^^